quarta-feira, 29 de maio de 2013

Perfume e cor

Famalicão, 2008

Por não resistir ao perfume da rosa,
penetrei na sua cor.

Abri caminho entre o tempo e as pétalas
num silêncio lento e leve,
entre passos de dedos e pele
que não pousa,
apenas toca,
como quem invade sem poder.

Ouvi um canto e um riso,
entre o tempo e as pétalas,
vindo de longe, no jardim,
para lá dos buxos
e das sebes,
num convite timido e leve,
como de querer que não quer

Toquei a cor de veludo
que cobre o tempo e as pétalas.
Vivi nectar de alvorada
e brilhos de bem querer,
num raiar de madrugada
que se faz
entre o tempo e o ser.

Penetrei fundo na cor
por entre o tempo e as pétalas.
Saciei sede de amor
entre orvalho, pólen, calor...
E a cor,
mitologicamente,
se fez perfume de rosa.