quarta-feira, 19 de junho de 2013

Quase descomposta

Arrimal (Serra dos Candeeiros), 2013

Deixei que um olhar visitasse minhas cores
e todas elas se vestiram de vaidade,
Entre traços de volúpia e pudor.

E já não houve seara dourada
nem prado verde de pasto.
Nem houve céu,
nem horizonte,
nem tempo!
E já não houve cor para lá do meu vestido.

Sorri, corei, dancei…
E apenas me descompunha

O vento do teu olhar.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Lugar do som

Leiria (Órgão de tubos da Sé), 2013

E foi no lugar do som
que a minha alma encontrou a tua
e nela se dissolveu.

Pintou-se de prata e ouro
vestiu-se de madeiras quentes
e esgueirou-se, em contra luz,
pelas estrias dos silêncios.

Roçou pedras de cal
nas asas das brisas leves,
tocadas das rimas de sol
filtradas pelos vitrais.

E a luz...

E a luz misturou os seus tons
de prata e ouro
com madeiras quentes,
pedras frias e traços de azul.

E a luz...
E a luz revelou, em traços de azul,
leves rastos da minha alma
que se esgueirara
pelas estrias dos silêncios.

Senão quando, fecundada na tua,
no lugar do som
ecoou, inteira e grande,
em consumado desejo.