sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Longe

Entre Portugal e Espanha, nas serranias de Vinhais, 2011

E nenhum lugar será mais distante do resto do mundo
que aquele de onde o olhamos.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Caminhos

Remisquedo (Linha do Tua), 2012

Que é feito
dos caminhos de outrora,
rodados sem presas
por solavancos de história gemida?

Os ferros e as tábuas
tinham a alma das conversas de aldeia,
balanceadas em pouca-terra, pouca-terra...
por horas longas e preguiçosas.
Ensonava-se...

Um silvo vivo e longo
interrompia a espaços
o adormecimento das peças e das gentes.
Voltavam conversas, soavam ditos,
roçavam-se risos pelos ouvidos...

domingo, 23 de setembro de 2012

Palavras D' Olhar Bragança


Centro Cultural Municipal Adriano Moreira em Bragança

E ontem se fez novamente nua a sala Cervantes,
embora na memória a veja assim,
marcada, à altura do olhar,
por meus olhares.

E esta sala vazia
Nunca é um lugar de nada.
É sempre antecâmara do acontecimento futuro
onde pousarão novos olhares.

À Câmara Municipal de Bragança, pelo amável convite,
e a todos os que tiveram seu olhar sobre os meus
deixo um forte agradecimento aqui,
no lugar onde estes olhares
tomaram forma e sentido.



terça-feira, 28 de agosto de 2012

E tudo...




















Ria de Aveiro (2012)

Não há vento, não há mar
Que leve nas suas ondas
O sonho e o ser.

Se afundar, se morrer
Há de, a memória ficar,
Espalhada no vento,
No mar…
E nas mãos de leme,
Nos olhos entre panos e ar,
Nos ouvidos.

Murmurarão, eternas, as artes,
Entre reflexos esmeralda e espuma.
Hão de ranger todas as tábuas,
Lambidas das águas,
Mordidas do sal,
Tocadas, a verde,
Do moliço dos dias de ontem.


sábado, 4 de agosto de 2012

Palavras D' Olhar




A partir de ontem, "Palavras D'Olhar" está aberta a público, em Bragança, no Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, até ao dia 22 de Setembro, na Sala Miguel de Cervantes, desde as 09:30 às 12:00 e das 14:00 às 21:00. 

terça-feira, 26 de junho de 2012

Passos

Algures a norte da Póvoa de Varzim, 2007

A onda que lava os passos na areia
não apaga a memória da praia.

Fluída se faz cheiro, calor e cor,
que o vento leva devagar
para viver a seu tempo,
em outro lugar...

Como molécula de maresia.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Pedras



Vila Nova de Famalicão, 2012

Não me deixes fazer castelos
Com as pedras
encontradas nos caminhos.

Hei-de fazer castelos de nuvens,
Sonhos de ver longe e voar,
Muralhas que são para mirar
Palavras no firmamento.

Deixa-me sorrir

Guardar cada pedra
Em cofres bem pequeninos,
Forrados de azuis marinhos,
Como preciosas relíquias de sentir.

Ou então…
Faz-me fazer carinhos
Com as pedras dos caminhos.

Talhar ideias, lavrar,
Riscar sulcos de pensamento,
Ladrilhar a cada momento
Veredas de caminhar
As rotas do sentimento.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Silêncio

Alqueidão da Serra (Porto de Mós), 2012

No silêncio...
Até as palavras se temem.

Não vão elas...
Ser tufão em vez de brisa.
Não vão elas...
Ser raio, trovão ou vento forte.
Não vão elas...
Ser nuvem de breu em vez de azul.

Não vão elas...
Carregar de norte a sul...
Esconder o sol,
Cerrar o horizonte e acordar tempestades.



sábado, 5 de maio de 2012

Primavera

Famalicão, 2012

Se tiver que abandonar 
Desejos de vento novo
Que havia de me levar
Por universos de azul,

Se tiver que esquecer
Viagens ao infinito! 
Se tiver que ficar...

Que seja preso a promessas de primavera
Me faça colorido companheiro
De renovos e juvenis,
Da natureza em flor. 



sexta-feira, 6 de abril de 2012

Puzzle

Landim, (V.N. Famalicão), 2012

Todos os dias,
Sem descanso, nem cansaço,
Movo uma ou duas peças
Do estranho puzzle da vida.

Abraço
O quebra-cabeças constante
De uma missão não cumprida.
E abre-se a luz à visão,
Quando me detenho,
Por um instante,
Em frente a uma peça movida
Que me requereu a razão

Miro
As jogadas da história
Peno erros, desalentos
Risco passos, faço pausas
Tento traços de destino
Busco, em abraços da memória,
Efeitos, razões e causas
De algum sentido perdido
Na estrada percorrida

Perco-me
Confesso, um pouco mais,
Para sorrisos de encanto,
Nos desenhos irreais
Dos jogos de peças trocadas
Que percebo,
Neste cantinho onde guardo,
O Puzzle do meu caminho.